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"Atlântico Expresso" - 28 Março de 2016

texto de Ana Coelho

 

 

 

 

 

 

Espaço conjuga venda de produtos açorianos de várias ilhas com pratos

regionais confeccionados

 

Sabores & Açores da açoriana "Tia Lhú"

funde no Porto sabores açorianos

com a gastronomia mundial

 

A equipa que dá alma e coração ao Sabores & Açores é composta por quatro sócios: Luisa Nunes (da ilha Terceira),

Pedro Candeias, Maria João Candeias e Bruno Mello. O espaço encontra-se dentro da galeria CCB - Centro Comercial Bombarda, Loja 27 na cidade do Porto. Numa entrevista ao nosso jornal, a açoriana Luisa Nunes explica que a escolha do nome, inicialmente "Tia Lhú", e como começou na venda de produtos açorianos, no mercadinho dos Clérigos, uma feira de rua no Porto. O nome surgiu "em homenagem aos meus sobrinhos de São Miguel, que assim me tratavam com o correspondente sotaque da ilha. A continuação do projecto e com a entrada de outros dois sócios, passou a Sabores & Açores, por Tia Lhú, porque o nosso conceito é de facto uma fusão, que têm não só a influência de sabores açorianos, como também da gastronomia portuguesa em geral, uma forte influência de sabores indianos, e muitas referências de outros sabores do mundo, nomeadamente, tailandesa, marroquina, etc."

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     Onde, quando e porquê surgiu a ideia de abrir a o Sabores & Açores?

     Tendo em consideração a conjetura à altura de formação deste projeto, em 2010 e a formação académica de dois dos sócios, foi tomada a decisão de enveredar pela área da gastronomia, tendo ainda em consideração a nossa paixão em comum pela mesma.

 

     Como, quando, onde, porquê e pela mão de quem surgem à V. mesa produtos tradicionalmente açorianos, num espaço que partilha sabores de outras zonas do país?

     Devido às minhas origens, natural da ilha Terceira, esse tema naturalmente está presente no nosso espaço, sobretudo a área da doçaria.

 

      Que produtos açorianos podem os vossos clientes degustar no espaço? 

     No nosso espaço encontram duas secções diferentes associada aos açores, uma de venda de produtos que vêm dos Açores, nomeadamente, as conservas de  atum de santa catarina, os chás da gorreana, compotas da frutaçor, kimas, vinhos sobretudo do Pico, bolos lêvedos, licor de amora e

 

 

angelica, e outra secção confecionada por nós, nomeadamente, pratos de origem terceirense e doçaria de várias ilhas. Nos pratos temos a alcatra, os torresmos de cabinho e a feijoada de forno. Na doçaria, as donas amélias (ilha terceira), os camafeus (ilha terceira), as filhoses de forno com recheio de limão (ilha terceira), as covilhetes (ilha graciosa), as espécies (ilha são Jorge), pudim de chá verde (ilha de são Miguel). No nosso espaço temos ainda serviço take away e possibilidade de jantares. Fora do mesmo, sempre que nos solicitam, temos organizado serviços de catering variados, além do habitual serviço de catering aquando das festas do espírito santo organizadas pela casa dos Açores do Norte.

 

 

     Quem confecciona os produtos açorianos é a Luísa ou apenas é responsável por transmitir os saberes a quem os confecciona?

      Por norma, a secção de confecção de doçaria açoriana é confecionada por mim, mas a equipa é multidisciplinar, sendo a confeção efetuada por todos.

 

 

     Em sua opinião, os produtos açorianos à mesa são ou não uma mais valia para quem os confecciona e para quem os consome? São diferentes? Em que sentido?

 

    Devido ao nosso conceito de restaurante, uma fusão de experiências gastronómicas dos quatro sócios envolvidos, cada um com valências e influências em áreas diferentes, a presença da secção açoriana representa uma parte da gastronomia nacional diferente e pouco divulgada em território continental. A própria paixão pela região por parte de quem a visita e conhece acaba por ser tema de conversa para quem se dirige ao nosso estabelecimento, sendo cada vez mais frequente a divulgação de pontos turísticos de interesse, onde e como viajar, onde comer e dormir e que experiências estão disponíveis nas diferentes ilhas, além de que, temos sempre guias turísticos dos Açores facultados gratuitamente. Acabamos por funcionar como agência turística sem qualquer financiamento de apoio, apenas pelo prazer de divulgar o que de melhor os Açores têm.

 

 

    Porquê trazer sabores açorinanos até ao Porto?

    Devido ao meu percurso académico, tendo vindo para o Porto estudar arquitetura em 1993, e tendo efetuado carreira na mesma e por aqui me instalei, e devido às minhas origens açorianas, surgiu a introdução de produtos açorianos no Porto.

 

    E quanto à escolha do nome, porquê Sabores & Açores? São sabores de onde e para quem? Dos Açores, os sabores são quais?

      A escolha do nome, inicialmente "Tia Lhú", como começou nas vendas de produtos açorianos no mercadinho dos clérigos, uma feira de rua no Porto, surgiu em homenagem aos meus 

Atlântico Expresso

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segunda feira, 28 de Março de 2016

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Atlântico Expresso

segunda feira, 28 de Março de 2016

 

 

sobrinhos de São Miguel, que assim me tratavam com o correspondente sotaque da ilha. A continuação do projeto e com a entrada de outros dois sócios, passou a Sabores & Açores, por Tia Lhú, porque o nosso conceito é de facto uma fusão, que têm não só a influência de sabores açorianos, como também da gastronomia portuguesa em geral, uma forte influência de sabores indianos, e muitas referências de outros sabores do mundo, nomeadamente, tailandesa, marroquina, etc.

 

      Descreva-nos o espaço.

     Espaço fluido de ambiente informal, com cor, onde as pessoas se cruzam e convivem enquanto degustam os nossos deliciosos pratos.

 

      Natural da ilha Terceira, há quanto tempo está no Porto? Que memórias guarda e como as demonstra no seu dia-a-dia? Da gastronomia terceirense, o que mais aprecia?

     Sou natural da ilha Terceira, do concelho de Angra do Heroísmo e estou no Porto desde 1993, portanto à 22 anos. A minha paixão pelos Açores é visível sobretudo quando os nossos clientes referem os Açores e o tema de conversa se expande a  partir daí. Da doçaria da ilha Terceira, sem dúvida os bolos Dona Amélia.

 

     Costuma regressar aos Açores? Conhece mais ilhas para além da Terceira? 

       Todos os anos regresso aos Açores, durante as férias onde toda a família se reúne. Apenas me falta conhecer a Graciosa e Santa Maria, sendo que conheço todas as outras bastante bem.

 

Ainda em relação aos produtos, os dos Açores, adquire-os onde?

     Adquirimos os nossos produtos através de distribuidores no continente, uma vez que é difícil gerir compras diretas a fornecedores nos Açores, sobretudo no que diz respeito a bebidas alcoólicas.

 

 

 

          Como se sente após ter abraçado este desafio? Correspondeu às suas expectativas?

    Sem dúvida que tem sido um percurso interessante e temcorrespondido às expectativas, o nosso percurso e respetivo crescimento devolume de negócios foi sempre efetuado em função do investimento pessoal possível, tendo começado com encomendas particulares, à presença e divulgação em feira de rua, à gestão de cozinha de um franshising de uma marca açoriana, em simultâneo com pequeno quiosque no CCB Centro Comercial do Porto (pequena galeria de lojas pertencente a rota de galerias de arte na Rua Miguel Bombarda) até a formação do nosso próprio espaço de restaurante, no mesmo espaço.  No período de 5 anos, este percurso tem sido feito à custa de muito trabalho de todos os envolvidos e com um feedback interessante por parte dos nossos clientes.

 

     Projetos a curto, médio e longo prazo para si e para o Sabores & Açores?

    Estamos a realizar os últimos preparativos para mudança de espaço, dentro do CCB, passando da capacidade atual de 36 lugares sentados, para 80 lugares sentados.

 

    Fale-nos um pouco de si. Nome completo, idade, naturalidade, formação e percurso académico, passatempos...

    Sou uma das quatro sócias do projeto, sou a Luisa Gonçalves Nunes, 40 anos, arquiteta, tendo exercido durante 10 anos a profissão em gabinete de arquitetura em áreas diversificadas desde a conceção e idealização de projeto até acompanhamento de obra. Em 2010, lancei-me como freelancer trabalhando na área de formação, e em coautoria com o arq. Bruno Melo (sócio do atual projeto). Em 2013, e em simultâneo com a atividade atual, tirei mestrado

 

integrado, dando continuidade ao tema da minha tese de licenciatura, o estudo dos impérios dos Açores, no tema "A arquitetura como forma intencional". Como passatempos e devido a exigência da nossa profissão terei poucos além da leitura.

 

     Bruno Melo, 38 anos, arquitecto. Trabalhei em vários escritórios de arquitectura, em Portugal e na Catalunha e tive a minha própria empresa de arquitectura e eventos. Ao longo do meu percurso fiu-me especializando no desenho de espaços comerciais, estruturas para eventos e comunicação, bem como em decoração de interiores.  Os passatempos possíveis nesta área de negócio são poucos, cinema, estar com os amigos e umas raríssimas escapadelas de curta duração para tentar perceber o que se vai fazendo lá fora em restauração e decoração.

 

     Pedro Candeias, 56 anos. Trabalhei vários anos na área financeira. Gosto de viajar, ler, cinema, teatro e estar com amigos. O prazer pelas viagens fez-me conhecer gastronomias variadas que tento adaptar ao gosto português.

 

     Maria João Candeias, 64 anos, educadora de infância, reformada. Como toda a vida fui muito activa, nao gostei da experiencia de estar parada e aceitei o desafio de me juntar a uma equipa mais nova. Gosto de mergulhar no mar, ver filmes e passear, alem de estar com a familia, prioritario para mim.

 

Ana Coelho

Fotos: DR/https://www.facebook.com/tialhu

 

    

 

 

     Segundo explicou Luisa Nunes, as "Espécies" são "uma das jóias da coroa do portfólio da Tia Lhú". Doces circulares e exóticos, misturam os sabores das especiarias - erva doce, noz moscada, canela e pimenta branca numa explosão de maciez e crocante na boca. Angra do Heroísmo foi a capital da rota das especiarias no arquipélago, o porto onde passavam as naus, embora estes doces sejam os mais conhecidos da ilha de São Jorge. "São um dos doces mais exóticos da doçaria regional". Hoje há pouca gente a fazê-los de forma artesanal e começam a ser industrializados, mas o sabor é

 

 

 

 

longa. Ou verdelho açoriano na versãode licoroso. É o casamento perfeito, pelasecura do vinho que harmoniza no ponto com os doces", referiu à Notícias Magazine.

 

     Os camafeus são um "doce típico da Terceira com um intenso sabor a noz. Tem um nome curioso, que poderá encontrar a sua origem nos antigos acessórios femininos que se usavam ao peito, ovalados e com um baixo relevo, representando um rosto feminino.", enquanto que os caramelos são "doces de leite da Terceira. Hoje em dia são muito conhecidos, mas descobri através

 

 

 

Doces com tradição açoriana da Tia Lhú

 

 

muito diferente".

 

     As Donas Amélias, conhecidas pelo seu sabor intenso a canela e mel de cana, actuando este último como conservante natural, garantindo a evolução do seu sabor nos dias seguintes à sua confecção, e uma maior durabilidade. Além de se poderem comer a qualquer hora do dia, "podem ser consideradas como sobremesa, embora sejam mais aprazíveis como lanche, de preferência acompanhadas de vinho do Porto Tawny ou Vintage, sendo o último mais aconselhado, tendo em consideração a sua maturação mais

 

 

 

de cartas de família que a receita veiodo Brasil, de uns familiares nossos, em cartas dos meus tios-avós", lembra Luisa. Dão uma trabalheira insana a fazer, mas compensa.
     Os covilhetes, "mais conhecidas como queijadas da Graciosa. Têm uma massa tenra estaladiça e o recheio é feito à base de açúcar e leite e com um ligeiro travo a canela. O recheio tem uma consistência quase de caramelo", enquanto que as queijadas da vizinha, já são uma "referência a uma antiga vizinha de Luisa que brindava a família com estes bolos e cuja receita hoje actualiza como forma de homenagem."

 

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